domingo, 18 de abril de 2010

A mulher maquina.

Desejou por alguns momentos que a força da palavra enlouquecesse roçando o vidro da tela LSD até explodir. Desejou também que em viagens pretas e brancas as letras saíssem voando como jato forte a parar apenas sobre aquele, que estava de frente à tela maldita, para que ficasse atordoado e sem respiração. Tamanha insustentável inconcretude de tudo aquilo, criado a dedos e imagens, que a bigorna (esse ser concreto, preto e inanimado) despencou de algum andar de prédio alto como em quadrinho tragico-comico. No fim da pancada, apenas a personagem decomposta rasgada em sorriso tonto e desdentado. Naquele pequeno instante (que mal se sabe quantas rodadas de relógio durou) se desvelou o que existia de palpável: a mulher maquina. Conectou-se ao seu pulmão USB. Voltou a respirar. Aceitou sua condição de pixels como se fosse atitude nobre e altruísta. Ouviu musica eletrônica - a contragosto do coração mas em correspondência a matéria de sua natureza - e dançou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário