quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

vinte horas

Vinte horas, o tédio lambe libidinosamente o tempo intacto e parado do relógio digital exposto na tela do computador. Essa hora pertubadora que representa o entre; que entre o entardecer que esvaí junto aos bancos, escolas e comércio. A noite chama, mas ainda não é hora para as prostitutas circularem por seus pontos perfurantes, e nem mesmo para o escandalo dos bêbados-que inexistem junto a sobriedade cruel das oito horas. Essa vida contém cenas explícitas de tédio nos intervalos da emoção. Vamos ao cinema?

domingo, 22 de fevereiro de 2009

Le chat

O gato mia. Sardinhas. Sardinhas. Sardinhas. Le chat sabe bem o que quer...

bruta flor do querer

Começo o dia ao meio dia. Gripe, fraldinhas, catarro, ouvido tampado. Vejo o homem perdido em sua casa. Entre gritos de crianças, latidos de cachorro e telefones tocando vejo os olhos esbugalhados da loucura a andar de canto a canto. Os olhos molham as plantas, dão banho nos cachorros, varrem a casa, preparam comida, gritam muito e no final ficam infelizes. Entretanto, não se vê (nos olhos) uma lágrima, apenas os piscar desajeitado de palpebras epiléticas. Os olhos vêem a casa, o quarto, o tapetinho da cozinha, as plantas, os pêlos. Os olhos estão cegos apenas para os meus olhos; o(ó)lho.Quero ir para casa, mas eu esqueci onde ela fica.